quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Situação dos médicos CLTistas do estado de São Paulo

Situação dos médicos CLTistas do estado de São Paulo com  jornada semanal de 20 horas:

1) Salário base inicial: R$414,00 a R$499,00, com mínima progressão salarial a cada cinco anos, por exemplo, um funcionário que trabalha  no HC há 13 anos, tem salário base de R$ 574,00; salário base é o salário sem qualquer bônus ou acréscimo. Dizer que o salário base inicial por 80 horas mensais de trabalho para um médico recém contratado é de R$414,00 significa que o valor da hora de trabalho deste é de R$5,17;

2) O rendimento bruto com gratificações, prêmio incentivo, tíquete alimentação é em torno de R$ 3 mil reais, mas para algumas gratificações, prêmio incentivo e tíquete existem muitas restrições, chegando à perda total em alguns casos, mesmo se o afastamento for por motivo de doença (pode ser afastado recebendo apenas em torno de R$ 700 !!);

3) Não existe um plano de carreira; apenas a vaga promessa de um;

4) A questão salarial dos médicos contratados, sob o regime de trabalho do estado, não é nova. Em 2004, já havia ocorrido uma greve que resultou em um reajuste de 20% sobre o salário e em 2007 houve uma mobilização na qual conseguiram aumento de R$1100 em bônus (que pode não integrar o valor de FGTS, só pra lembrar...); 

5) Uma situação bastante alarmante, que a baixa remuneração acarreta, é a fuga de cérebros (e mãos) do HCFMRP para outras instituições. Alguns profissionais não se sentem valorizados dentro da especialidade;

6) Faltam médicos em várias especialidades, e mesmo onde há concurso aberto, muitas vezes não aparecem candidatos, ou não conseguem atingir a nota mínima para ingressar no serviço público;

7) Em Ribeirão Preto, centenas de cirurgias são suspensas todos os meses, e nas diversas especialidades, a espera mínima para a primeira consulta é de seis meses. Para algumas cirurgias a espera é de anos;

8) O resultado dessa situação são milhares de pessoas sem atendimento todos os meses, e isso só na região de Ribeirão Preto, considerando-se que a situação no resto do estado é semelhante ou pior, pode-se imaginar a dimensão do problema;

9) A situação requer um investimento na saúde, por parte do governo do Estado, e um reajuste salarial para os médicos nesse momento está longe de resolver todos os problemas, mas seria o primeiro passo para recompor o quadro de médicos;

10) Em Ribeirão Preto, os médicos assistentes (cerca de 520 médicos do Estado e 50 médicos FAEPA) estão em greve desde 29 de junho de 2011 por reajuste salarial (equiparação salarial com os médicos assistentes de outros dois hospitais estaduais de Ribeirão Preto, a Mater e o Hospital Estadual que são gerenciados por uma OS, a FAEPA, ligada ao HC-RP). Os médicos assistentes desses dois hospitais ganham de seis mil e duzentos a seis mil e novecentos reais por 24 horas semanais;

11) As negociações por reajuste salarial foram iniciadas em outubro de 2010, sem nenhum avanço, houve 15 dias de greve em abril de 2011, sendo encerrada em nome de uma suposta negociação, que nunca ocorreu, sendo que ainda muitos médicos tiveram descontos de seus salários. Por isso após 50 dias do fim da greve de abril, a greve foi retomada;

12) Na greve atual, os médicos não tiveram nenhuma proposta sobre a reivindicação, a não ser a afirmação, por parte do governo, que o suposto reajuste concedido a todos os servidores da saúde é o único reajuste que receberemos esse ano, e que está elaborando um plano de cargos e salários para os médicos do estado. Para elaborar o projeto do PCCS, o governo formou uma comissão formada por membros do SIMESP, FENAM, CREMESP, APM, e governo;

13) Iniciou-se uma mobilização dos médicos do Estado, e ocorreram duas assembleias em SP, nos dias 29/08 e 12/09. Ocorrerão assembleias nos principais hospitais da capital e interior, e panfletagem. Em 03/10 haverá assembleia em São Paulo da FEEMESP (Federação das Entidades Médicas de SP) onde se deliberará sobre possível paralisação no dia 18/10;

14) Houve em 14/09 uma assembleia com aproximadamente 125 médicos contratados, dos quais 70% eram ex-alunos da FMRP, na qual foi deliberada a continuidade da greve;
15) Há um grande apoio do gabinete da deputada do PT Ana do Carmo, sendo que o comando de greve participou de uma entrevista de 48 minutos com ela na TV Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) sobre a greve no dia 24/08, e terá uma audiência pública aqui em Ribeirão Preto no dia 23/09;

16) Também apoiam a greve: FENAM, CFM, CREMESP, Simesp, e os vereadores de Ribeirão Preto – Capela Novas (PPS),  Jorge Parada (PT), Walter Gomes (PR), Andre Luis da Silva (PC do B), Maurilio Romano (PP), Glaucia Berenice (PSDB).


Para mais informações sobre a greve e as negociações há o blog: http://medicoshcrp.wordpress.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário